Termos como “governo patriótico e de esquerda” são repetidos pelos seus dirigentes de uma forma exata pelo facto de serem o produto da discussão coletiva e de o seu significado estar perfeitamente definido no seio do partido. Todas as palavras contam: “preparar o país para a saída do euro” não quer dizer “saída do euro”.
O que perde em eficácia na comunicação com o seu exterior e na ambiguidade de que tantas vezes se faz a política ganha na seriedade dos limites e objetivos do que se diz e das palavras que se empregam. Dando mais um exemplo, o PCP não aceita ou utiliza o termo “geringonça”, tanto por ter uma conotação negativa como por o englobar num mecanismo de governo do país do qual, objetivamente, não faz parte. Só por lapso algum dirigente do PCP referirá a palavra.
Há três semanas foi publicado o projeto de resolução política proposto pelo Comité Central, resultado da discussão ocorrida dentro do partido nos últimos seis meses, e que será debatido e discutido em todas as suas organizações até ao xx Congresso, no mês de dezembro – em PCPês, “As Teses”.
O documento não é de leitura fácil, mas exigia-se que lhe fosse dada maior atenção no espaço público. Afinal, uma qualificada interpretação do que o PCP foi declarando antes das últimas legislativas, quando se referia que tudo faria para “derrotar o governo de direita”, já prenunciava muito do que veio a passar-se. Não existindo, em 95 anos da sua história, muitos momentos em que a ação do PCP vá muito além do que está escrito nas suas Teses – e, repito, ainda que o atual documento vá sofrer alterações até ao último dia de congresso -, ali estão bem claras a forma como caracteriza a presente situação governativa e as iniciativas que deverão ter o seu apoio parlamentar.
Escreve à segunda-feira