Isto nunca esteve tão bom


O tema do momento é muito patriótico e mobilizador. A União Nacional está de volta para levar Guterres ao colo até à secretaria-geral da ONU. O pior é o resto, o lixo que se acumula e que todos sem exceção atiram para debaixo do tapete.


Não há cão nem gato que não ande por aí a rasgar as vestes por António Guterres. Todos o querem no cargo de secretário-geral da ONU, uma organização decadente sem qualquer papel determinante no mundo, comandada pelos desígnios de Washington, sempre pronta a dar a mão aos mais obscuros interesses da desgraçada política externa norte-americana, comandada por Obama, Clinton e Kerry, todos com muito sangue nas mãos depois das criminosas intervenções na Líbia e na Síria, para já não falar da Tunísia, do Egito, do Iraque e do Afeganistão. Mas não interessa.

Portugal ia ficar mais rico e mais prestigiado com Guterres em Nova Iorque. A comoção nacional atingiu o limite com as cinco vitórias no Conselho de Segurança. O pior aconteceu com a entrada em cena da búlgara Kristalina, uma sopeira às ordens de Obama e Merkel, uma empregada obediente e de boas contas a quem o inacreditável Juncker deu uma licença sem vencimento para entrar pela porta do cavalo na corrida a secretário-geral da ONU.

Se a geringonça lusitana leva qualquer um às lágrimas, o que se passa na União Europeia e na política internacional é um regabofe sem limites em que poucos se salvam limpos de tanta lama e de tanta falta de vergonha. É por isso hilariante ouvir e ler tanta aventesma sobre as eleições americanas e o susto que os leva ao delírio pelo facto de Donald Trump poder ganhar as eleições de 8 de novembro. Depois do que se sabe sobre o que passa na União Europeia em matéria de política externa e do que se conhece sobre a porca intervenção dos EUA no conflito da Síria, é de bradar aos céus os gritinhos de indignação de tanta gente sobre a impreparação ou ignorância do candidato Donald Trump e ainda mais sobre o perigo de ter à mão o botão do nuclear americano.

Esta gentinha que se prepara para mandar às urtigas o processo de escolha do secretário-geral da ONU para colocar em Nova Iorque uma serva búlgara é a mesma que provocou guerras civis no Médio Oriente, matou e mata milhares e milhares de pessoas e tem às suas costas centenas de milhares de refugiados em toda a Europa. Esta gentinha que tirou da sacola uma sopeira búlgara é a mesma que sustenta terroristas na Síria, alimenta o Daesh e está ao mesmo tempo a provocar o genocídio dos curdos, com o apoio do islamista Erdogan, o tal que era moderado para muitos imbecis ocidentais.

A União Nacional bem pode ranger os dentes e rasgar as vestes por António Guterres, em nome sabe-se lá do quê. Mas verdadeiramente, com ou sem Guterres em Nova Iorque, o país continuará a ser medíocre, a estúpida nova guerra fria inventada por Obama, Merkel e companhia continuará em crescendo e a segurança e a paz mundiais dependem mais de Vladimir Putin, de Assad e, eventualmente, de Donald Trump do que desta gentinha que anda nos palcos internacionais há demasiado tempo.

Para Costa e a sua geringonça, estas jornadas fraternas em torno dos grandes desígnios nacionais são cerejas a tapar um bolo feito de muitas porcarias. Ninguém dá por elas, uns fazem-se esquecidos, outros são pagos para não falar disso e há sempre uma enorme legião de imbecis que, como a sopeira búlgara inventada por Obama e Merkel, são uns excelentes cumpridores de ordens, certinhos nas contas ao fim do mês e muito eficazes a esconder o lixo debaixo do tapete. O país da geringonça é uma vergonha, já ninguém acredita nele, e até a amiga agência de rating canadiana, que vai mantendo Portugal acima do lixo, começa a render-se à evidência.

Sexta-feira, o economista-chefe começou a preparar o caminho para uma decisão esperada para dia 21 que pode atirar a dívida portuguesa para o radar dos terríveis mercados. A DBRS vê dois pontos negativos e um positivo para Portugal. De um lado, a popularidade do governo socialista. Do outro, a subida do custo de financiamento e o avanço débil da economia. Para além da popularidade e da muita propaganda, alimentada por uma comunicação social muito amiga, nada mais resta de positivo.

 As execuções orçamentais são uma mentira pegada, com as receitas dos impostos em queda e as dívidas vencidas com mais de 90 dias a dispararem. E em matéria de confiança nesta gente que está no poder basta ver a vergonha do que se está a passar nos transportes públicos, um setor que a esquerda assaltou mal chegou ao governo, com a reversão da privatização da TAP e das concessões a privados das empresas de Lisboa e Porto.

Agora vão saindo notícias discretas sobre a vergonha. No Porto, os STCP foram entregues às câmaras da região, mas a dívida brutal e os investimentos ficam a cargo do poder central. E em Lisboa, a gestão pública é tão eficiente que o metro não tem rolos de papel nas máquinas automáticas de venda de bilhetes. Mais grave do que isso, os partidos da geringonça andam numa guerra pegada para ver quem fica com o saque.

O socialista Medina quer mandar na Carris e no Metro, o comunista Bernardino Soares recusa dar de mão beijada duas empresas que são as joias da coroa para a também comunista CGTP. Quando a novela Guterres na ONU acabar, provavelmente já amanhã, com a votação dos cinco países com direito de veto, entra em cena o Orçamento do Estado para 2017, com Costa, Centeno e companhia a venderem, mais uma vez, a banha da cobra do fim da austeridade. Os portugueses, mais cedo do que tarde, vão perceber que com esta gente e estas políticas que desgraçam o país há dezenas de anos, o seu destino é viverem sempre em austeridade. Seja de esquerda ou da dita direita. Serão sempre pobretes e alegretes.

Jornalista


Isto nunca esteve tão bom


O tema do momento é muito patriótico e mobilizador. A União Nacional está de volta para levar Guterres ao colo até à secretaria-geral da ONU. O pior é o resto, o lixo que se acumula e que todos sem exceção atiram para debaixo do tapete.


Não há cão nem gato que não ande por aí a rasgar as vestes por António Guterres. Todos o querem no cargo de secretário-geral da ONU, uma organização decadente sem qualquer papel determinante no mundo, comandada pelos desígnios de Washington, sempre pronta a dar a mão aos mais obscuros interesses da desgraçada política externa norte-americana, comandada por Obama, Clinton e Kerry, todos com muito sangue nas mãos depois das criminosas intervenções na Líbia e na Síria, para já não falar da Tunísia, do Egito, do Iraque e do Afeganistão. Mas não interessa.

Portugal ia ficar mais rico e mais prestigiado com Guterres em Nova Iorque. A comoção nacional atingiu o limite com as cinco vitórias no Conselho de Segurança. O pior aconteceu com a entrada em cena da búlgara Kristalina, uma sopeira às ordens de Obama e Merkel, uma empregada obediente e de boas contas a quem o inacreditável Juncker deu uma licença sem vencimento para entrar pela porta do cavalo na corrida a secretário-geral da ONU.

Se a geringonça lusitana leva qualquer um às lágrimas, o que se passa na União Europeia e na política internacional é um regabofe sem limites em que poucos se salvam limpos de tanta lama e de tanta falta de vergonha. É por isso hilariante ouvir e ler tanta aventesma sobre as eleições americanas e o susto que os leva ao delírio pelo facto de Donald Trump poder ganhar as eleições de 8 de novembro. Depois do que se sabe sobre o que passa na União Europeia em matéria de política externa e do que se conhece sobre a porca intervenção dos EUA no conflito da Síria, é de bradar aos céus os gritinhos de indignação de tanta gente sobre a impreparação ou ignorância do candidato Donald Trump e ainda mais sobre o perigo de ter à mão o botão do nuclear americano.

Esta gentinha que se prepara para mandar às urtigas o processo de escolha do secretário-geral da ONU para colocar em Nova Iorque uma serva búlgara é a mesma que provocou guerras civis no Médio Oriente, matou e mata milhares e milhares de pessoas e tem às suas costas centenas de milhares de refugiados em toda a Europa. Esta gentinha que tirou da sacola uma sopeira búlgara é a mesma que sustenta terroristas na Síria, alimenta o Daesh e está ao mesmo tempo a provocar o genocídio dos curdos, com o apoio do islamista Erdogan, o tal que era moderado para muitos imbecis ocidentais.

A União Nacional bem pode ranger os dentes e rasgar as vestes por António Guterres, em nome sabe-se lá do quê. Mas verdadeiramente, com ou sem Guterres em Nova Iorque, o país continuará a ser medíocre, a estúpida nova guerra fria inventada por Obama, Merkel e companhia continuará em crescendo e a segurança e a paz mundiais dependem mais de Vladimir Putin, de Assad e, eventualmente, de Donald Trump do que desta gentinha que anda nos palcos internacionais há demasiado tempo.

Para Costa e a sua geringonça, estas jornadas fraternas em torno dos grandes desígnios nacionais são cerejas a tapar um bolo feito de muitas porcarias. Ninguém dá por elas, uns fazem-se esquecidos, outros são pagos para não falar disso e há sempre uma enorme legião de imbecis que, como a sopeira búlgara inventada por Obama e Merkel, são uns excelentes cumpridores de ordens, certinhos nas contas ao fim do mês e muito eficazes a esconder o lixo debaixo do tapete. O país da geringonça é uma vergonha, já ninguém acredita nele, e até a amiga agência de rating canadiana, que vai mantendo Portugal acima do lixo, começa a render-se à evidência.

Sexta-feira, o economista-chefe começou a preparar o caminho para uma decisão esperada para dia 21 que pode atirar a dívida portuguesa para o radar dos terríveis mercados. A DBRS vê dois pontos negativos e um positivo para Portugal. De um lado, a popularidade do governo socialista. Do outro, a subida do custo de financiamento e o avanço débil da economia. Para além da popularidade e da muita propaganda, alimentada por uma comunicação social muito amiga, nada mais resta de positivo.

 As execuções orçamentais são uma mentira pegada, com as receitas dos impostos em queda e as dívidas vencidas com mais de 90 dias a dispararem. E em matéria de confiança nesta gente que está no poder basta ver a vergonha do que se está a passar nos transportes públicos, um setor que a esquerda assaltou mal chegou ao governo, com a reversão da privatização da TAP e das concessões a privados das empresas de Lisboa e Porto.

Agora vão saindo notícias discretas sobre a vergonha. No Porto, os STCP foram entregues às câmaras da região, mas a dívida brutal e os investimentos ficam a cargo do poder central. E em Lisboa, a gestão pública é tão eficiente que o metro não tem rolos de papel nas máquinas automáticas de venda de bilhetes. Mais grave do que isso, os partidos da geringonça andam numa guerra pegada para ver quem fica com o saque.

O socialista Medina quer mandar na Carris e no Metro, o comunista Bernardino Soares recusa dar de mão beijada duas empresas que são as joias da coroa para a também comunista CGTP. Quando a novela Guterres na ONU acabar, provavelmente já amanhã, com a votação dos cinco países com direito de veto, entra em cena o Orçamento do Estado para 2017, com Costa, Centeno e companhia a venderem, mais uma vez, a banha da cobra do fim da austeridade. Os portugueses, mais cedo do que tarde, vão perceber que com esta gente e estas políticas que desgraçam o país há dezenas de anos, o seu destino é viverem sempre em austeridade. Seja de esquerda ou da dita direita. Serão sempre pobretes e alegretes.

Jornalista