Os patetas da desgraça


Andam desenfreados a inventar novos impostos contra os ricos que não existem num país de tesos endividados até aos cabelos. A questão já não é um segundo resgate. É saber se há alguém disposto a emprestar dinheiro a este desgraçado país.


O espetáculo dava para rir se tudo isto não fosse uma desgraça. A esganiçada Mortágua do Bloco de Esquerda saltou para a ribalta a anunciar mais um imposto sobre o imobiliário. Um imposto ainda sem nome, contra os ricos, claro. Zangados com a afronta, os comunistas vieram logo dizer que os verdadeiros inimigos dos ricos moram na Soeiro Pereira Gomes. Qual imposto sobre o imobiliário, qual carapuça. Eles, os comunistas, querem ir mais longe no ataque aos ricos. O imposto comuna não ataca só as casas dos ricos. Também atinge o capital investido seja no que for. Neste interessante concurso para se saber quem ataca mais os ricos, o PS faz de júri e é muito bem capaz de aceitar as interessantes sugestões dos seus parceiros de golpe. Por uma razão simples. No estado a que isto chegou, o governo precisa mais uma vez de rapar o tacho para cumprir as promessas de reposição de rendimentos e, ao mesmo tempo, satisfazer as exigências dc Bruxelas em matéria de défice. Mas com a economia a rastejar, sem investimento nacional ou estrangeiro, nem com mais impostos se conseguem tapar os enormes buracos das contas do Estado. Como não há receitas que cheguem, a solução socialista é recorrer à dívida, isto é, ir aos mercados sacar dinheiro a juros cada vez mais altos. Só para se ter uma ideia do desastre que aí vem, os juros a dez anos da dívida portuguesa estão a subir em contraciclo com o resto da Europa, custam mais do triplo dos juros espanhóis e o risco disparou para máximos de sete meses. Portugal, neste momento, está nas mãos dos programas de ajuda do BCE e do rating da agência canadiana DBRS. E se esta alterar a perspetiva de estável para negativa em Outubro, o caldo entorna-se e Mário Centeno fica com o menino nos braços. Toda esta loucura de mais impostos e modelos económicos falhados só pode levar Portugal para o abismo mais depressa do que se julga. O economista Daniel Bessa disse que era uma patetice apostar num modelo económico baseado na procura interna num país com dez milhões de tesos endividados até aos cabelos. E Teodora Cardoso, presidente do Conselho das Finanças Públicas, atirou com este modelo económico da geringonça para o lixo quando reviu em baixa o crescimento para este ano. Mas apesar de todos os avisos, a cegueira ideológica fala mais alto e a esquerda liderada pelo PS está mesmo apostada em levar o país à falência pela quarta vez em 40 anos de democracia. É por isso que não faz sentido falar agora de um segundo resgate, apesar de Mário Centeno pensar que é essa a grande missão da sua presença no governo. Para haver segundo resgate é preciso que haja alguém, na Europa e fora dela, que esteja disposto a emprestar dinheiro a um país que, por dolo dos seus governantes, cai na falência apesar de todos os avisos de entidades internas e externas. O que se passou com a Grécia, que já vai no terceiro resgate, não se repetirá. A União Europeia mudou e muito, e neste momento poucos governos estarão dispostos a correr riscos políticos para virem em socorro de Portugal. O Brexit foi apenas um sinal do que vai por essa Europa. Os movimentos eurocéticos estão a crescer eleitoralmente, os partidos tradicionais perdem terreno todos os dias e, em 2017, os dois maiores países da União Europeia têm eleições decisivas. A França vai eleger um novo presidente e, no quadro atual, Marine Le Pen tem todas as condições para ocupar o Eliseu com um François Hollande desacreditado e um Sarkozy a braços com processos judiciais. Se a Frente Nacional chegar ao poder, bem podem Costa e Centeno andar de mão estendida a pedir dinheiro para suportar as suas loucuras financeiras e económicas. O mesmo acontece na Alemanha, com Angela Merkel fustigada pelos eurocéticos e nacionalistas. A queda eleitoral dos democratas cristãos e sociais-democratas nas legislativas de 2017 é mais do que certa e não será Berlim que irá avançar com empréstimos para um país governado por gente sem vergonha. É por isso que a questão de um segundo resgate não se coloca. Para haver resgate é preciso que haja países e instituições dispostos a emprestar dinheiro com a certeza de que os políticos lusos são perfeitamente incapazes de fazerem as reformas que já eram urgentes há 30 anos. Nesta fase da Europa, em estado crítico, como diz Merkel, a falência de Portugal implicará não um resgate, mas a saída da Zona Euro para os braços do FMI, que lhe aplicará as receitas normalmente usadas no Terceiro Mundo a países com moedas macacas. Em Bruxelas e em Washington já ninguém acredita que exista em Portugal quem consiga levar a água ao moinho. Os partidos de esquerda, que assaltaram o poder, sonham com um país de pobres que sobrevivem à sombra de um Estado que toma conta dos indigentes do berço até à morte. A chamada direita, seja o PSD ou o CDS, tem o complexo do fascismo, anda agarrada à social-democracia e à democracia cristã, seja lá o que isso for, e não está disposta a fazer reformas liberais corajosas e muito menos a atacar de frente o monstro estatal, que come tudo e não deixa nada para a economia, para não ficar muitos anos longe do poder. Neste miserável quadro, talvez seja melhor deixar os patetas de esquerda atacarem os ricos que não existem e atirarem este pobre país para as profundezas do inferno. Talvez seja a vacina necessária e, quem sabe, suficiente para Portugal renascer das cinzas. No fundo, a vacina que Kissinger queria aplicar em 1975 e que não foi, infelizmente, para a frente. Uma vacina com efeitos violentos no curto e médio prazo para os portugueses. Mas que pode dar às gerações futuras um país em que se possa viver. 


Os patetas da desgraça


Andam desenfreados a inventar novos impostos contra os ricos que não existem num país de tesos endividados até aos cabelos. A questão já não é um segundo resgate. É saber se há alguém disposto a emprestar dinheiro a este desgraçado país.


O espetáculo dava para rir se tudo isto não fosse uma desgraça. A esganiçada Mortágua do Bloco de Esquerda saltou para a ribalta a anunciar mais um imposto sobre o imobiliário. Um imposto ainda sem nome, contra os ricos, claro. Zangados com a afronta, os comunistas vieram logo dizer que os verdadeiros inimigos dos ricos moram na Soeiro Pereira Gomes. Qual imposto sobre o imobiliário, qual carapuça. Eles, os comunistas, querem ir mais longe no ataque aos ricos. O imposto comuna não ataca só as casas dos ricos. Também atinge o capital investido seja no que for. Neste interessante concurso para se saber quem ataca mais os ricos, o PS faz de júri e é muito bem capaz de aceitar as interessantes sugestões dos seus parceiros de golpe. Por uma razão simples. No estado a que isto chegou, o governo precisa mais uma vez de rapar o tacho para cumprir as promessas de reposição de rendimentos e, ao mesmo tempo, satisfazer as exigências dc Bruxelas em matéria de défice. Mas com a economia a rastejar, sem investimento nacional ou estrangeiro, nem com mais impostos se conseguem tapar os enormes buracos das contas do Estado. Como não há receitas que cheguem, a solução socialista é recorrer à dívida, isto é, ir aos mercados sacar dinheiro a juros cada vez mais altos. Só para se ter uma ideia do desastre que aí vem, os juros a dez anos da dívida portuguesa estão a subir em contraciclo com o resto da Europa, custam mais do triplo dos juros espanhóis e o risco disparou para máximos de sete meses. Portugal, neste momento, está nas mãos dos programas de ajuda do BCE e do rating da agência canadiana DBRS. E se esta alterar a perspetiva de estável para negativa em Outubro, o caldo entorna-se e Mário Centeno fica com o menino nos braços. Toda esta loucura de mais impostos e modelos económicos falhados só pode levar Portugal para o abismo mais depressa do que se julga. O economista Daniel Bessa disse que era uma patetice apostar num modelo económico baseado na procura interna num país com dez milhões de tesos endividados até aos cabelos. E Teodora Cardoso, presidente do Conselho das Finanças Públicas, atirou com este modelo económico da geringonça para o lixo quando reviu em baixa o crescimento para este ano. Mas apesar de todos os avisos, a cegueira ideológica fala mais alto e a esquerda liderada pelo PS está mesmo apostada em levar o país à falência pela quarta vez em 40 anos de democracia. É por isso que não faz sentido falar agora de um segundo resgate, apesar de Mário Centeno pensar que é essa a grande missão da sua presença no governo. Para haver segundo resgate é preciso que haja alguém, na Europa e fora dela, que esteja disposto a emprestar dinheiro a um país que, por dolo dos seus governantes, cai na falência apesar de todos os avisos de entidades internas e externas. O que se passou com a Grécia, que já vai no terceiro resgate, não se repetirá. A União Europeia mudou e muito, e neste momento poucos governos estarão dispostos a correr riscos políticos para virem em socorro de Portugal. O Brexit foi apenas um sinal do que vai por essa Europa. Os movimentos eurocéticos estão a crescer eleitoralmente, os partidos tradicionais perdem terreno todos os dias e, em 2017, os dois maiores países da União Europeia têm eleições decisivas. A França vai eleger um novo presidente e, no quadro atual, Marine Le Pen tem todas as condições para ocupar o Eliseu com um François Hollande desacreditado e um Sarkozy a braços com processos judiciais. Se a Frente Nacional chegar ao poder, bem podem Costa e Centeno andar de mão estendida a pedir dinheiro para suportar as suas loucuras financeiras e económicas. O mesmo acontece na Alemanha, com Angela Merkel fustigada pelos eurocéticos e nacionalistas. A queda eleitoral dos democratas cristãos e sociais-democratas nas legislativas de 2017 é mais do que certa e não será Berlim que irá avançar com empréstimos para um país governado por gente sem vergonha. É por isso que a questão de um segundo resgate não se coloca. Para haver resgate é preciso que haja países e instituições dispostos a emprestar dinheiro com a certeza de que os políticos lusos são perfeitamente incapazes de fazerem as reformas que já eram urgentes há 30 anos. Nesta fase da Europa, em estado crítico, como diz Merkel, a falência de Portugal implicará não um resgate, mas a saída da Zona Euro para os braços do FMI, que lhe aplicará as receitas normalmente usadas no Terceiro Mundo a países com moedas macacas. Em Bruxelas e em Washington já ninguém acredita que exista em Portugal quem consiga levar a água ao moinho. Os partidos de esquerda, que assaltaram o poder, sonham com um país de pobres que sobrevivem à sombra de um Estado que toma conta dos indigentes do berço até à morte. A chamada direita, seja o PSD ou o CDS, tem o complexo do fascismo, anda agarrada à social-democracia e à democracia cristã, seja lá o que isso for, e não está disposta a fazer reformas liberais corajosas e muito menos a atacar de frente o monstro estatal, que come tudo e não deixa nada para a economia, para não ficar muitos anos longe do poder. Neste miserável quadro, talvez seja melhor deixar os patetas de esquerda atacarem os ricos que não existem e atirarem este pobre país para as profundezas do inferno. Talvez seja a vacina necessária e, quem sabe, suficiente para Portugal renascer das cinzas. No fundo, a vacina que Kissinger queria aplicar em 1975 e que não foi, infelizmente, para a frente. Uma vacina com efeitos violentos no curto e médio prazo para os portugueses. Mas que pode dar às gerações futuras um país em que se possa viver.