Fracasso económico e orçamental


A estratégia económica deste governo está duplamente errada e já está a produzir os piores resultados. O primeiro erro foi ter colocado a ênfase na procura interna, em detrimento das exportações, enquanto o segundo consiste em, dentro da procura interna, preferir o consumo privado ao investimento.


O primeiro erro foi ter colocado a ênfase na procura interna, em detrimento das exportações, uma via já experimentada no passado com os piores resultados possíveis: a pior estagnação dos últimos 100 anos; um endividamento externo galopante (de menos de 10% do PIB em 1995 para mais de 100% do PIB a partir de 2009); a necessidade de pedir ajuda à troika. 

Como é possível não se ter aprendido a lição e repetir exatamente os mesmos erros? Pode-se criticar as opções do anterior executivo e da troika, propondo uma terceira via, mas o que não é admissível é o regresso ao passado, porque não há quaisquer dúvidas de que foi péssimo. 

O segundo erro estratégico consiste em, dentro da procura interna, dar primazia ao consumo privado em vez de o conferir ao investimento, quando é exatamente o oposto do que o país necessita.

No Orçamento para 2016 e, sobretudo, na sua execução há uma escolha política e económica totalmente inaceitável. O governo escolheu repor os mais altos vencimentos dos funcionários públicos, estimulando o consumo privado e as importações, já que é nestes escalões de rendimento que se concentra a compra de bens de consumo duradouro, cuja componente importada é de 90%.

Como a receita fiscal está muito abaixo do orçamentado, o executivo recorreu ao estratagema de cortar o investimento público em 20% quando este, de acordo com a versão final do Orçamento, deveria crescer 12%. Do ponto de vista económico, isto não podia ser mais calamitoso porque é exatamente o oposto do que necessitamos. Do ponto de vista político, é absolutamente escandaloso que o governo prejudique o interesse geral (em princípio, beneficiado pelo investimento público) em benefício dos que usufruem os mais altos salários na função pública. 

Ser de esquerda hoje, em Portugal, já não é preocupar-se com os mais necessitados mas antes estar ao serviço das corporações públicas? Não têm vergonha?

Pois a catastrófica política económica do governo já está a produzir péssimos resultados, como é patente nos dados do PIB do 1.o semestre, a crescer apenas 0,8%, muito abaixo da média da zona euro (1,5%). O investimento está em queda assinalável, diretamente por ação do executivo.

A procura interna cresceu zero no 2.o trimestre, o que é extraordinário para um governo que tinha como estratégia basear-se nela. A estratégia em si não podia ser mais errada, mas o seu fracasso é (quase) total.

Há uma área, o emprego, em que os números ainda não são preocupantes, porque esta variável costuma estar desfasada 2 ou 3 trimestres do ciclo económico. Mas é altamente provável que no 3.o ou 4.o trimestre se assista, infelizmente, a uma subida do desemprego, o que deve ser dinamite política para o governo e deverá constituir a reprovação final da sua desastrosa política económica. 

Como a política económica está errada e a abrandar a economia, é evidente que isso vai ter implicações orçamentais num Orçamento que se caracterizou sempre, desde o esboço até ao documento final, por ser muito fantasioso.

Vamos ver até onde irá o desastre, havendo fundadas suspeitas de que a meta orçamental de 2016 não será alcançada. 


Fracasso económico e orçamental


A estratégia económica deste governo está duplamente errada e já está a produzir os piores resultados. O primeiro erro foi ter colocado a ênfase na procura interna, em detrimento das exportações, enquanto o segundo consiste em, dentro da procura interna, preferir o consumo privado ao investimento.


O primeiro erro foi ter colocado a ênfase na procura interna, em detrimento das exportações, uma via já experimentada no passado com os piores resultados possíveis: a pior estagnação dos últimos 100 anos; um endividamento externo galopante (de menos de 10% do PIB em 1995 para mais de 100% do PIB a partir de 2009); a necessidade de pedir ajuda à troika. 

Como é possível não se ter aprendido a lição e repetir exatamente os mesmos erros? Pode-se criticar as opções do anterior executivo e da troika, propondo uma terceira via, mas o que não é admissível é o regresso ao passado, porque não há quaisquer dúvidas de que foi péssimo. 

O segundo erro estratégico consiste em, dentro da procura interna, dar primazia ao consumo privado em vez de o conferir ao investimento, quando é exatamente o oposto do que o país necessita.

No Orçamento para 2016 e, sobretudo, na sua execução há uma escolha política e económica totalmente inaceitável. O governo escolheu repor os mais altos vencimentos dos funcionários públicos, estimulando o consumo privado e as importações, já que é nestes escalões de rendimento que se concentra a compra de bens de consumo duradouro, cuja componente importada é de 90%.

Como a receita fiscal está muito abaixo do orçamentado, o executivo recorreu ao estratagema de cortar o investimento público em 20% quando este, de acordo com a versão final do Orçamento, deveria crescer 12%. Do ponto de vista económico, isto não podia ser mais calamitoso porque é exatamente o oposto do que necessitamos. Do ponto de vista político, é absolutamente escandaloso que o governo prejudique o interesse geral (em princípio, beneficiado pelo investimento público) em benefício dos que usufruem os mais altos salários na função pública. 

Ser de esquerda hoje, em Portugal, já não é preocupar-se com os mais necessitados mas antes estar ao serviço das corporações públicas? Não têm vergonha?

Pois a catastrófica política económica do governo já está a produzir péssimos resultados, como é patente nos dados do PIB do 1.o semestre, a crescer apenas 0,8%, muito abaixo da média da zona euro (1,5%). O investimento está em queda assinalável, diretamente por ação do executivo.

A procura interna cresceu zero no 2.o trimestre, o que é extraordinário para um governo que tinha como estratégia basear-se nela. A estratégia em si não podia ser mais errada, mas o seu fracasso é (quase) total.

Há uma área, o emprego, em que os números ainda não são preocupantes, porque esta variável costuma estar desfasada 2 ou 3 trimestres do ciclo económico. Mas é altamente provável que no 3.o ou 4.o trimestre se assista, infelizmente, a uma subida do desemprego, o que deve ser dinamite política para o governo e deverá constituir a reprovação final da sua desastrosa política económica. 

Como a política económica está errada e a abrandar a economia, é evidente que isso vai ter implicações orçamentais num Orçamento que se caracterizou sempre, desde o esboço até ao documento final, por ser muito fantasioso.

Vamos ver até onde irá o desastre, havendo fundadas suspeitas de que a meta orçamental de 2016 não será alcançada.