Manuel Monteiro. “O CDS rendeu-se aos interesses de Paulo Portas”

Manuel Monteiro. “O CDS rendeu-se aos interesses de Paulo Portas”


O ex-líder critica a posição do partido em relação a Angola e relaciona a aproximação ao MPLA com a ligação de Portas aos negócios


Manuel Monteiro liderou o CDS entre 1992 e 1996 e critica duramente a aproximação do partido ao MPLA. As críticas mais duras são para Paulo Portas, que acusa de ter “preparado o caminho” para se dedicar aos negócios com ligações a Angola.

Como é que viu a presença do CDS neste congresso e o entusiasmo manifestado pelo partido com o MPLA?

Eu, quanto á presença no congresso, acho que, atendendo às novas circunstâncias do mundo, não me surpreende e até acho normal. Acho que uma presença institucional, nomeadamente para um partido que teve responsabilidades de governo, é compreensível. Não me choca. Diferente é o teor das declarações e da posição que o CDS tomou em relação ao presidente do MPLA e em relação ao próprio MPLA.

Isso é novo?

Isso é revelador de duas coisas: é revelador de um partido que rasgou a sua história, que esqueceu o seu passado e que não respeita a sua própria identidade de partido que sempre lutou pela defesa da dignidade e dos direitos humanos. Em segundo lugar, é um testemunho de um partido que se rendeu e vendeu aos interesses pessoais e de negócios do dr. Paulo Portas. E, se dúvidas existiam quanto à natureza da sua liderança – que pode ter levado o CDS ao poder, mas perdendo toda a sua identidade de partido de valores e de partido de princípios -, essas dúvidas terminaram com aquilo que ontem se leu e se ouviu em relação ao MLPA.

Ficou surpreendido?

O MPLA é um partido que desrespeita os direitos humanos. E isso é algo que eu confesso que não esperava. Já poucas coisas me surpreendiam, mas esta de facto foi a cereja em cima do bolo e não só me surpreendeu como sinceramente me entristeceu. O CDS não tinha necessidade deste sentido bajulador de quem perdeu a sua dignidade na ânsia de servir interesses que não são interesses políticos. Isso é profundamente lamentável. Um país ou um partido que aceita este tipo de situações é um país e um partido que não está apenas falido sob o ponto de vista económico, porque a verdadeira falência de alguém é a falência do caráter, da dignidade e da integridade.

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