Vindimas. Enoturismo em Portugal conquista visitantes de todas   as nacionalidades

Vindimas. Enoturismo em Portugal conquista visitantes de todas as nacionalidades


Hotéis nacionais continuam a apostar nas vinhas como convite para uns dias de descanso em contacto com a natureza e com a tradição. E se por um lado a oferta não falta, a verdade é que a procura por parte dos turistas também não


Com setembro quase a bater à porta, muitas unidades hoteleiras começam a planear o abrir de portas para todos aqueles que queiram conhecer o vasto programa de experiências vinícolas para toda a família. 

Desde visitas, corte de uvas, pisas da uva em lagares ou provas de vinho, tudo é possível para quem quer conhecer de perto o processo das vindimas.

Uma das herdades que nos últimos anos têm apostado neste tipo de oferta é a Herdade do Sobroso, no Alentejo. “Este tipo de experiência sempre foi muito procurada. As pessoas querem experimentar programas novos que já contam com estes tipo de conteúdos, simultaneamente novos como oferta, mas ligados a uma vasta cultura”, explica fonte da herdade, assegurando que os turistas que queiram conhecer de perto todo o processo de apanha e tratamento da uva podem usufruir de pacotes pensados tanto para famílias como apenas para curiosos ou apaixonados por vinho e por esta tradição nacional.

“Temos muita procura de famílias, mas também de casais que aproveitam para experimentar. Aliás, a tendência é existirem cada vez mais pessoas que desejam experimentar e conhecer de perto todo o processo. Ter alguém que explique tudo também é importante”, explica a mesma fonte, acrescentando que a qualidade do vinho nacional é já um cartão-de-visita para muitos turistas estrangeiros que procuram o nosso país: “A experiência das vindimas tem conquistado adeptos, mas também há quem seja conquistado pela possibilidade de conhecer novos vinhos. Por exemplo, os brasileiros gostam muito de conhecer novos vinhos e há muitos que dizem vir de propósito a Portugal para isso.”

Também por isso, na Herdade do Sobroso, o turismo é muito virado para a vertente rural, cinegética e enóloga. Quer isto dizer que o contacto com a natureza, selvagem ou domesticada, há muito que está em primeiro plano. Até porque esta propriedade, com cerca de 1600 hectares, prima pelos luxuosos vizinhos: a serra do Mendro, de um lado, a planície alentejana do outro, o rio Guadiana e a albufeira do Alqueva.

Neste espaço é possível escolher passar duas noites, em quarto duplo, ainda com um jantar pensado à medida e uma visita à adega, com acompanhamento de um enólogo em todo o processo. Para duas pessoas, tudo isto fica a cerca de 195 euros. 

Procura continua a aumentar Um outro espaço que tem conquistado clientes com este tipo de serviço é a The Vintage House, no Douro. Ao i, quem aqui trabalha garante que a possibilidade de conhecer mais de perto o trabalho que é feito nas vinhas tem aumentado a procura de unidades hoteleiras que oferecem este tipo de oportunidade.

“As pessoas procuram cada vez mais este tipo de prática. A taxa de ocupação nesta altura tem vindo a aumentar. Até porque é uma experiência muito engraçada que não fica nada cara”, explicam.

Muito embora este ano tenha ficado marcado pelos prejuízos causados pelo mau tempo (ver texto ao lado), as unidades hoteleiras tentam minimizar o impacto negativo das chuvas e exponenciar os proveitos tirados deste tipo de procura. “É uma experiência muito procurada tanto por famílias como por grupos. Antes quem procurava muito eram os britânicos, mas agora não. Agora generalizou-se. Além disso, apesar de haver menos uvas em bom estado, o vinho promete ser de boa qualidade.”

De acordo com Cristina Siza Vieira, presidente executiva da Associação da Hotelaria de Portugal, a tendência é termos cada vez mais unidades hoteleiras em Portugal a aproveitar as tradições das diferentes regiões para atrair turistas. 

“Cada vez mais, as unidades hoteleiras oferecem um conjunto diversificado de experiências e não se restringem ao alojamento. Os hotéis surgem com pacotes específicos como as vindimas, aulas de cozinha com chefes conceituados, provas de vinhos, etc. O que a hotelaria nacional procura é inovar e diferenciar-se para captar e diversificar os seus públicos-alvo. Esta não é uma novidade, mas tem sido a aposta crescente de muitos hotéis nos últimos anos”, admite, sublinhando que “muitas das unidades de enoturismo, agora consolidadas, começaram por ser apenas projetos vitivinícolas e, com o tempo, foram diversificando a sua atividade e viram no turismo, nomeadamente no alojamento, uma oportunidade para afirmarem a sua marca e complementar a sua oferta.”