Oposição precisa-se


O mês de agosto foi desastroso para o governo, mas a oposição também parece ter desaparecido em combate.


O discurso de Passos Coelho no Pontal foi o maior flop em termos de rentrée política desde há muitos anos a esta parte. A coisa foi tão má que nem sequer as televisões lhe ligaram nenhuma, preferindo passar rapidamente para os comentários do futebol. Tal não admira. O mês de agosto foi desastroso para o governo, tendo falhado as tentativas de fazer passar despercebido o aumento do IMI e de encerrar o episódio das viagens da Galp. Como se isso não bastasse, o país foi literalmente consumido pelos fogos, tendo o governo reagido tarde e a más horas. Mas a oposição também parece ter desaparecido em combate. Só isso pode explicar que Passos Coelho tenha feito um discurso absolutamente vazio, limitando-se a comentar os números do crescimento económico, comparando-os com os de há um ano, quando estava no governo. Para o PSD não aconteceu nada em agosto que mereça referência? 

Passos Coelho insiste em apresentar-se como primeiro-ministro no exílio, esquecendo-se de fazer o seu papel como líder da oposição. Só que os primeiros–ministros no exílio não ganham eleições internas. Ora, em 2017 o PSD tem umas importantíssimas eleições autárquicas a disputar, das quais nada se fala. O PSD já deveria ter candidatos às câmaras mais importantes do país, designadamente a Lisboa, essencial pelo seu simbolismo para que qualquer partido possa proclamar uma vitória eleitoral. Lisboa tem um presidente de câmara fraquíssimo que esmagou os lisboetas com sucessivas taxas para financiar obras completamente inúteis e que seria, por isso, facilmente derrotado por um candidato com um programa minimamente consistente. Mas parece que o PSD quer aguardar por uma eventual decisão de Santana Lopes que, imagine-se, ganhou a câmara apenas há 15 anos. É tão absurdo o PSD apresentar uma candidatura de Santana Lopes à Câmara de Lisboa em 2017 como o seria voltar a apresentar Durão Barroso como candidato a primeiro-ministro em 2019.

É mais que tempo de o PSD deixar de olhar para o passado e concentrar-se no tempo presente. Só assim poderá ganhar o futuro. O tempo anda para a frente e não volta para trás. E como escreveu Heráclito, “ninguém pode banhar-se duas vezes nas mesmas águas do mesmo rio”.


Oposição precisa-se


O mês de agosto foi desastroso para o governo, mas a oposição também parece ter desaparecido em combate.


O discurso de Passos Coelho no Pontal foi o maior flop em termos de rentrée política desde há muitos anos a esta parte. A coisa foi tão má que nem sequer as televisões lhe ligaram nenhuma, preferindo passar rapidamente para os comentários do futebol. Tal não admira. O mês de agosto foi desastroso para o governo, tendo falhado as tentativas de fazer passar despercebido o aumento do IMI e de encerrar o episódio das viagens da Galp. Como se isso não bastasse, o país foi literalmente consumido pelos fogos, tendo o governo reagido tarde e a más horas. Mas a oposição também parece ter desaparecido em combate. Só isso pode explicar que Passos Coelho tenha feito um discurso absolutamente vazio, limitando-se a comentar os números do crescimento económico, comparando-os com os de há um ano, quando estava no governo. Para o PSD não aconteceu nada em agosto que mereça referência? 

Passos Coelho insiste em apresentar-se como primeiro-ministro no exílio, esquecendo-se de fazer o seu papel como líder da oposição. Só que os primeiros–ministros no exílio não ganham eleições internas. Ora, em 2017 o PSD tem umas importantíssimas eleições autárquicas a disputar, das quais nada se fala. O PSD já deveria ter candidatos às câmaras mais importantes do país, designadamente a Lisboa, essencial pelo seu simbolismo para que qualquer partido possa proclamar uma vitória eleitoral. Lisboa tem um presidente de câmara fraquíssimo que esmagou os lisboetas com sucessivas taxas para financiar obras completamente inúteis e que seria, por isso, facilmente derrotado por um candidato com um programa minimamente consistente. Mas parece que o PSD quer aguardar por uma eventual decisão de Santana Lopes que, imagine-se, ganhou a câmara apenas há 15 anos. É tão absurdo o PSD apresentar uma candidatura de Santana Lopes à Câmara de Lisboa em 2017 como o seria voltar a apresentar Durão Barroso como candidato a primeiro-ministro em 2019.

É mais que tempo de o PSD deixar de olhar para o passado e concentrar-se no tempo presente. Só assim poderá ganhar o futuro. O tempo anda para a frente e não volta para trás. E como escreveu Heráclito, “ninguém pode banhar-se duas vezes nas mesmas águas do mesmo rio”.