“Why can’t a woman be more like a man?” perguntava o personagem Prof. Higgins no famoso “My Fair Lady”. Hoje olhamos para o filme e rimo-nos com a condescendência dos tempos. Afinal, o caminho percorrido desde os anos 60 até hoje foi imenso, certo?
Nem por isso. A pergunta sexista de Higgins fez escola na mentalidade política e empresarial dos nossos tempos. Em grande parte dela, pelo menos. Em 2015, a Google lançou um plugin do Gmail chamado “Just not Sorry”, cujo objetivo era ajudar mulheres a escreverem emails mais impactantes sem recurso a expressões que pudessem minar as suas mensagens. Por outras palavras, trata-se de uma aplicação para tornar algumas mulheres mais parecidas com os homens.
Mas na realidade queremos mesmo que as mulheres sejam iguais a nós? Em Portugal, o banco público nomeou uma única mulher num total de 19 novos administradores.
E isto revela uma incapacidade indesmentível e contrária à tendência internacional, ainda que paulatina. O abandono da política de igualdade iniciada pelo governo anterior e que, entre outras coisas, resultava num acordo com 14 grandes empresas portuguesas no qual estas se comprometiam a um objetivo de 30% de mulheres nos seus conselhos de administração até 2018.
Mas verdade seja dita: se a lógica das quotas, ou da presença de mulheres em órgãos de administração pública ou privada, é para ser encarada assim, então não faz sentido nenhum que exista porque mais não é do que um atestado de menoridade às próprias. Halla Tómasdóttir, ex- -candidata à presidência da Islândia, explica isto bem. “A falta de diversidade leva a problemas desastrosos. Não se trata de as mulheres serem melhores do que os homens. A questão é serem diferentes dos homens, trazendo diferentes valores e maneiras diferentes de trabalhar para cima da mesa.” Tão simples quanto isto!