A fragilidade da Europa


É tempo de a Europa encarar de vez os enormes problemas que tem, em vez de persistir na atitude cega, que a conduziu ao desastre que hoje atravessa


A semana anterior demonstrou para quem tivesse dúvidas a brutal fragilidade em que a Europa vive, parecendo fechada sobre si própria, mesmo quando à sua volta tudo se desmorona. 

Primeiro surgiu a ameaça de sanções a Portugal e Espanha, que foi levada a sério em Espanha, que imediatamente decretou uma subida do imposto sobre as sociedades. Já em Portugal o governo e o Presidente da República persistem nos seus sonhos cor-de-rosa, pretendendo convencer os mais incrédulos que as sanções serão de zero, ou seja nem sequer existirão. Em qualquer caso, esta simples ameaça é letal para a credibilidade das economias ibéricas.

Em seguida tomou posse o novo governo britânico, sabendo-se que a pasta dos Estrangeiros foi entregue a Boris Johnson, o que indicia uma grande dureza nas negociações sobre o Brexit. Tal serviu para que os Ministros dos Negócios Estrangeiros da França e da Alemanha atacassem imediatamente o seu homólogo britânico, contra todas as regras da diplomacia, equivalendo a um regar do fogo com gasolina.

Entretanto, o presidente francês François Hollande anunciou o fim do Estado de emergência em França. Ato contínuo, Nice foi objeto de um violento atentado, já reivindicado pelo Estado Islâmico, provando que a ameaça do radicalismo islâmico, que a Europa persiste em ignorar continua bem viva.

No final da semana, a Turquia foi objeto de uma tentativa de golpe de Estado, felizmente fracassada, mas que demonstra quão inseguro é contar com o Estado turco para servir de tampão na Europa e resolver o problema dos refugiados, até agora a única estratégia da Europa para lidar com o maior problema que alguma vez enfrentou.
É tempo de a Europa encarar de vez os enormes problemas que tem, em vez de persistir na atitude cega, que a conduziu ao desastre que hoje atravessa. Precisa-se de líderes europeus à altura, que infelizmente têm faltado nesta crise. Se a Europa persistir na política que tem até agora seguido, o seu destino inevitável é a desagregação, de que o Brexit será apenas o primeiro passo.

Professor da Faculdade de Direito de Lisboa
Escreve à terça-feira 


A fragilidade da Europa


É tempo de a Europa encarar de vez os enormes problemas que tem, em vez de persistir na atitude cega, que a conduziu ao desastre que hoje atravessa


A semana anterior demonstrou para quem tivesse dúvidas a brutal fragilidade em que a Europa vive, parecendo fechada sobre si própria, mesmo quando à sua volta tudo se desmorona. 

Primeiro surgiu a ameaça de sanções a Portugal e Espanha, que foi levada a sério em Espanha, que imediatamente decretou uma subida do imposto sobre as sociedades. Já em Portugal o governo e o Presidente da República persistem nos seus sonhos cor-de-rosa, pretendendo convencer os mais incrédulos que as sanções serão de zero, ou seja nem sequer existirão. Em qualquer caso, esta simples ameaça é letal para a credibilidade das economias ibéricas.

Em seguida tomou posse o novo governo britânico, sabendo-se que a pasta dos Estrangeiros foi entregue a Boris Johnson, o que indicia uma grande dureza nas negociações sobre o Brexit. Tal serviu para que os Ministros dos Negócios Estrangeiros da França e da Alemanha atacassem imediatamente o seu homólogo britânico, contra todas as regras da diplomacia, equivalendo a um regar do fogo com gasolina.

Entretanto, o presidente francês François Hollande anunciou o fim do Estado de emergência em França. Ato contínuo, Nice foi objeto de um violento atentado, já reivindicado pelo Estado Islâmico, provando que a ameaça do radicalismo islâmico, que a Europa persiste em ignorar continua bem viva.

No final da semana, a Turquia foi objeto de uma tentativa de golpe de Estado, felizmente fracassada, mas que demonstra quão inseguro é contar com o Estado turco para servir de tampão na Europa e resolver o problema dos refugiados, até agora a única estratégia da Europa para lidar com o maior problema que alguma vez enfrentou.
É tempo de a Europa encarar de vez os enormes problemas que tem, em vez de persistir na atitude cega, que a conduziu ao desastre que hoje atravessa. Precisa-se de líderes europeus à altura, que infelizmente têm faltado nesta crise. Se a Europa persistir na política que tem até agora seguido, o seu destino inevitável é a desagregação, de que o Brexit será apenas o primeiro passo.

Professor da Faculdade de Direito de Lisboa
Escreve à terça-feira