CGD: o silêncio mafioso da união nacional


Oito mil milhões de créditos em risco, dois mil milhões de prejuízos, aumento de capital de quatro mil milhões, 19 administradores, salários de gestores idênticos aos privados. Comissão de inquérito? Não, por amor de Deus. A esquerda das esganiçadas e dos dinossauros e o centrão dos negócios estão unidos como nunca na defesa da lixeira…


O génio Mário Centeno tem razão por uma vez. A Caixa Geral de Depósitos vai funcionar a partir de agora como um banco privado, com as vantagens e inconvenientes que essa opção acarreta para o acionista Estado, para os depositantes e para os clientes do banco. A CGD precisa de capital – fala-se em quatro mil milhões de euros – e o único acionista tem todo o direito de tratar do assunto. Pode fazê-lo de várias maneiras, mas todas as opções serão pagas pelos contribuintes portugueses, verdadeiros acionistas da CGD. O aumento de capital pode agravar a dívida pública ou o défice, uma questão técnica que o governo da geringonça anda a dirimir com a Comissão Europeia e com o Banco Central Europeu. Resolvida a questão, a verdade é que a Caixa Geral de Depósitos vai passar a ser gerida como um banco privado. A administração terá 19 membros, personalidades impolutas de alto gabarito, com salários à medida das suas responsabilidades, sem as limitações impostas aos gestores públicos. E, claro, o banco terá de apresentar lucros e pagar dividendos ao acionista Estado, quer dizer, aos contribuintes portugueses. Dito isto, não se percebe muito bem o que impede o Estado de sair da CGD e vender a sua posição a um investidor privado estrangeiro ou a vários investidores numa operação em bolsa. Dirão alguns que é por mero preconceito ideológico. O Estado sair da CGD seria um crime dificilmente perdoado pela esquerda radical que apoia o governo da geringonça e que todos os dias defende a nacionalização da banca. Dirão outros que a CGD é um pilar do sistema financeiro que o Estado e só o Estado consegue gerir de forma séria e sensata.

Chegados aqui, interessa então perguntar aos muitos e diversificados defensores de uma CGD pública o que andaram a fazer os sucessivos governos e gestores do Estado nos últimos anos. De 2011 a 2015, a CGD acumulou prejuízos de dois mil milhões de euros, tem oito mil milhões de créditos em risco, não pagou ao Estado os empréstimos concedidos em 2012 e precisa de um aumento de capital de quatro mil milhões de euros. Esta realidade sinistra não é muito diferente do que se passou no BPN, BPP, BES, Banif e também no BCP de Jardim Gonçalves. A justiça portuguesa e o Banco de Portugal condenaram os gestores privados do BPN, do BPP, do BES e do BCP e os deputados da nação promoveram comissões de inquérito ao BPN, BES e Banif. Agora que estão em causa um banco público, governos e gestores do Estado, assiste–se a uma verdadeira lei do silêncio, uma omertà que envolve órgãos de soberania, partidos políticos e, claro, muitos empresários portugueses. Agora que os contribuintes e acionistas do banco público vão pagar uma fatura superior à que o Estado pagou pelo BPN e Banif, o silêncio é total da esquerda à direita.

As esganiçadas do Bloco de Esquerda e os dinossauros do PCP, que tanta fama ganharam nas comissões de inquérito aos crimes cometidos no BPN, BES e Banif, andam com a viola no saco, a falar muito baixinho sobre um dos maiores escândalos do chamado Portugal de Abril. É verdade que não se esperava outra atitude do centrão político e da sua imensa clientela empresarial. PS, PSD e CDS cortavam as veias se uma comissão de inquérito revelasse os créditos em risco da CGD desde a entrada no euro e o nome dos beneficiários. Os donos do Portugal de Abril cortavam as veias se os contribuintes, o tal povo que Marcelo tanto enalteceu no 10 de Junho, viessem a descobrir as fortunas que se fizeram com o seu dinheiro, os roubos praticados com amplo consenso democrático e as empresas que andaram a fazer figura de gente rica à conta de milhões e milhões que saíram dos cofres da CGD, de forma corrupta, para partidos e políticos impolutos da praça.

Perante esta enorme lixeira pública, há quem diga, como a jornalista Ana Sá Lopes, que o BE e o PCP estão silenciosamente a virar à direita. Puro engano. Bloquistas e comunistas têm simplesmente muito medo de uma comissão de inquérito à CGD. Têm muito medo que o mito da gestão pública, nomeadamente na banca, ruísse como um castelo de cartas, e os contribuintes, de uma vez por todas, rejeitassem quem defende o Estado na economia, nas empresas e na banca. Bloquistas e comunistas vão andar a falar muito baixinho e com a viola no saco com medo da verdade. Bloquistas e comunistas preferem a mentira e a lixeira em que se transformou a Caixa Geral de Depósitos.

A Caixinha, agora com 19 personalidades impolutas a geri-la, vai guardar nos seus cofres o lixo, os crimes e os cadáveres. A união nacional em torno da CGD é a omertà mafiosa. A união nacional em torno da Caixinha é pura e simplesmente criminosa.

 


CGD: o silêncio mafioso da união nacional


Oito mil milhões de créditos em risco, dois mil milhões de prejuízos, aumento de capital de quatro mil milhões, 19 administradores, salários de gestores idênticos aos privados. Comissão de inquérito? Não, por amor de Deus. A esquerda das esganiçadas e dos dinossauros e o centrão dos negócios estão unidos como nunca na defesa da lixeira…


O génio Mário Centeno tem razão por uma vez. A Caixa Geral de Depósitos vai funcionar a partir de agora como um banco privado, com as vantagens e inconvenientes que essa opção acarreta para o acionista Estado, para os depositantes e para os clientes do banco. A CGD precisa de capital – fala-se em quatro mil milhões de euros – e o único acionista tem todo o direito de tratar do assunto. Pode fazê-lo de várias maneiras, mas todas as opções serão pagas pelos contribuintes portugueses, verdadeiros acionistas da CGD. O aumento de capital pode agravar a dívida pública ou o défice, uma questão técnica que o governo da geringonça anda a dirimir com a Comissão Europeia e com o Banco Central Europeu. Resolvida a questão, a verdade é que a Caixa Geral de Depósitos vai passar a ser gerida como um banco privado. A administração terá 19 membros, personalidades impolutas de alto gabarito, com salários à medida das suas responsabilidades, sem as limitações impostas aos gestores públicos. E, claro, o banco terá de apresentar lucros e pagar dividendos ao acionista Estado, quer dizer, aos contribuintes portugueses. Dito isto, não se percebe muito bem o que impede o Estado de sair da CGD e vender a sua posição a um investidor privado estrangeiro ou a vários investidores numa operação em bolsa. Dirão alguns que é por mero preconceito ideológico. O Estado sair da CGD seria um crime dificilmente perdoado pela esquerda radical que apoia o governo da geringonça e que todos os dias defende a nacionalização da banca. Dirão outros que a CGD é um pilar do sistema financeiro que o Estado e só o Estado consegue gerir de forma séria e sensata.

Chegados aqui, interessa então perguntar aos muitos e diversificados defensores de uma CGD pública o que andaram a fazer os sucessivos governos e gestores do Estado nos últimos anos. De 2011 a 2015, a CGD acumulou prejuízos de dois mil milhões de euros, tem oito mil milhões de créditos em risco, não pagou ao Estado os empréstimos concedidos em 2012 e precisa de um aumento de capital de quatro mil milhões de euros. Esta realidade sinistra não é muito diferente do que se passou no BPN, BPP, BES, Banif e também no BCP de Jardim Gonçalves. A justiça portuguesa e o Banco de Portugal condenaram os gestores privados do BPN, do BPP, do BES e do BCP e os deputados da nação promoveram comissões de inquérito ao BPN, BES e Banif. Agora que estão em causa um banco público, governos e gestores do Estado, assiste–se a uma verdadeira lei do silêncio, uma omertà que envolve órgãos de soberania, partidos políticos e, claro, muitos empresários portugueses. Agora que os contribuintes e acionistas do banco público vão pagar uma fatura superior à que o Estado pagou pelo BPN e Banif, o silêncio é total da esquerda à direita.

As esganiçadas do Bloco de Esquerda e os dinossauros do PCP, que tanta fama ganharam nas comissões de inquérito aos crimes cometidos no BPN, BES e Banif, andam com a viola no saco, a falar muito baixinho sobre um dos maiores escândalos do chamado Portugal de Abril. É verdade que não se esperava outra atitude do centrão político e da sua imensa clientela empresarial. PS, PSD e CDS cortavam as veias se uma comissão de inquérito revelasse os créditos em risco da CGD desde a entrada no euro e o nome dos beneficiários. Os donos do Portugal de Abril cortavam as veias se os contribuintes, o tal povo que Marcelo tanto enalteceu no 10 de Junho, viessem a descobrir as fortunas que se fizeram com o seu dinheiro, os roubos praticados com amplo consenso democrático e as empresas que andaram a fazer figura de gente rica à conta de milhões e milhões que saíram dos cofres da CGD, de forma corrupta, para partidos e políticos impolutos da praça.

Perante esta enorme lixeira pública, há quem diga, como a jornalista Ana Sá Lopes, que o BE e o PCP estão silenciosamente a virar à direita. Puro engano. Bloquistas e comunistas têm simplesmente muito medo de uma comissão de inquérito à CGD. Têm muito medo que o mito da gestão pública, nomeadamente na banca, ruísse como um castelo de cartas, e os contribuintes, de uma vez por todas, rejeitassem quem defende o Estado na economia, nas empresas e na banca. Bloquistas e comunistas vão andar a falar muito baixinho e com a viola no saco com medo da verdade. Bloquistas e comunistas preferem a mentira e a lixeira em que se transformou a Caixa Geral de Depósitos.

A Caixinha, agora com 19 personalidades impolutas a geri-la, vai guardar nos seus cofres o lixo, os crimes e os cadáveres. A união nacional em torno da CGD é a omertà mafiosa. A união nacional em torno da Caixinha é pura e simplesmente criminosa.