Ontem, aconteceu mais um episódio daquele que está a ser o primeiro braço de ferro entre governo e Presidente da República com o executivo, até agora, a ganhar em todas as frentes. Os representantes dos colégios privados foram recebidos por Marcelo e, cá fora, aos jornalistas insistiram que o Presidente vai atuar junto do governo para que se atinja “um ponto de equilíbrio” na questão que opõe Ministério da Educação às escolas privadas.
Marcelo marcou a reunião de hoje como a conversa decisiva com Costa sobre a polémica. Se até aqui o primeiro-ministro tem assobiado para o ar, o que motivou o Presidente da República criticar-lhe o “otimismo irritante”, aparentemente vai ser confrontado pelo Presidente para recuar.
Recuar agora é absurdo. Por muito barulho que estejam a fazer em público, os defensores de que o Estado pague o ensino privado – dispondo de escolas públicas ao lado, que já paga – são uma minoria. O Ministério da Educação tem sido convincente a explicar os critérios, ao contrário dos argumentos dos proprietários das escolas privadas. A falta de gosto de utilizar crianças em manifestações e os slogans ridículos do “em nome do meu filho” não justificam o injustificável – o Orçamento de Estado tem o dever constitucional de providenciar ensino público, mas não o dever de subsidiar ensino privado onde ele exista. Se Costa ceder a Marcelo em nome de uma boa coabitação com Belém, está a colocar um prego na feliz geringonça que comemora hoje seis meses. Não é fácil.